0 O Pequeno Príncipe

O Pequeno Príncipe (The Little Prince), 1974, Paramount Pictures, musical


Inspirado no romance do francês Saint-Exupéry, o filme de O Pequeno Príncipe traz musicalidade ao livro de mesmo nome, conhecido mundialmente por sua simplicidade e inocência, que pode ser lido tanto por uma criança, quanto por um adulto.  É verdade que quando um filme é baseado em uma obra, geralmente acaba frustrando quem é conhecedor do livro. Entretanto, O Pequeno Príncipe completa o livro de modo encantador, Steven Warner dá vida ao principezinho e sua rosa é Donna McKchenie. Uma das cenas mais marcantes é a da dança da Serpente, onde Bob Fosse teria influenciado Michael Jackson em suas danças e coreografias. Um dos momentos mais belos do Pequeno Príncipe na terra é quando ele conhece a Raposa (interpretada brilhantemente por Gene Wilder) e se deixa cativar por ela. Eis aqui uns dos trechos mais belos do diálogo entre eles:
“E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? Perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa, disse o principezinho.- Após uma reflexão, acrescentou:
- Que quer dizer “cativar”?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos d uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo..- Mas a raposa voltou a sua ideia.- Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens se parecem também. E por isso eu me aborreço um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando tiveres me cativado. O trigo, que é dourado fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
E a raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! Disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
- Que é preciso fazer? Perguntou o principezinho.
- É preciso ser paciente, respondeu a raposa. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mau-entendidos. Mas, a cada dia, te sentarás mais perto...No dia seguinte o principezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora, disse a raposa. Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade! Mas se tu vens a qualquer momento, nunca saberei a hora de preparar o coração...É preciso ritos...... Assim o principezinho cativou a raposa. Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:
- Ah! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, disse o principezinho, eu não queria te fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis, disse a raposa.
- Mas tu vais chorar! Disse o principezinho.
- Vou, disse a raposa.
- Então, não sais lucrando nada!
- Eu lucro, disse a raposa, por causa da cor do trigo.


                                                   a Raposa (Gene Wilder) e o Pequeno Prícipe (Steve Warner)


O filme foi uma produção americana e não francesa, fato  que deixa alguns cinéfilos bastante curiosos. Nenhum diretor francês tentou filmar esta obra, infelizmente. Mas Stanley Donen (o mesmo diretor de Cantando na Chuva) usa toda sua sensibilidade para transformar este filme num clássico e como podemos ver, ele conseguiu.

Bob Fosse no papel de Serpente


o piloto  (Richard Kiley) e seu mais novo amigo

a tão amada e vaidosa Rosa do Principezinho, feita por Donna McKechnie

Ao assistir esse filme você passa a ser também o piloto, que ao conhecer o principezinho repensa valores quase esquecidos pelos adultos, como de amizade e amor. Sou bastante suspeita para falar, pois acho que O Pequeno Príncipe é um dos livros que leio desde pequena, mas recomendo bastante este filme/livro para quem ainda não esqueceu (ou não quer esquecer) a criança que já fora um dia.


                                                             trailer de O Pequeno Príncipe em inglês   
                                        

Direção: Stanley Donen
Roteiro: Alan Jay Lerner

Elenco:
Richard Kiley (Piloto)
Steven Warner (Principezinho)

Bob Fosse (Serpente)

Gene Wilder (Raposa)

Donna McKechnie (Rosa)

Joss Ackland (Rei)

Graham Crowden (General)

Victor Spinetti (Contador de Histórias)

Clive Revill (Homem de Negócios)

Áudio: Inglês

Legendas: Português

Duração: 88 min.

Classificação: Livre





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